quinta-feira, 24 de março de 2011

SOBRE PESADELO, BOIS E DEMOCRACIA




Amigas e amigos:



Tive muitas dúvidas de se deveria o não mandar este email. Depois de sucessivas crises de pressão alta conclui que preciso dizer o que penso para me manter sã!
Estou até agora tentando saber qual a peça que está faltando no quebra cabeças nacional. Que está faltando peça está! Não faz o menor sentido tanta confusão por causa de um prazo. O que a maioria de nós votou na tão falada reunião da Executiva Nacional foi simplesmente que teríamos até um ano para realizar um processo de atualizações programática e estatutária. Esse processo é desejado por todo o Partido e vem sendo discutido nos últimos anos. Desde 2008 vem sendo criadas várias comissões encabeçadas pela Fundação Verde Herbert Daniel, para preparar o projeto base para o seminário de atualização do programa. Nunca deram andamento. Há pelo menos dois anos Alfredo Sirkis e Marco Antonio Mróz presidem a FVHD, encarregada da formação política do PV, ora, agora falam de seminários como se não tivessem sido encarregados de promovê-los ao longo dos últimos anos! A atualização programática somente não foi votada na última convenção porque o texto base preparado para ser votado continha uma série de erros que ensejavam várias interpretações... Quem mesmo estava responsável pelo texto base??!!
Causa profunda estranheza a proposta de democratização a toque de caixa. Será uma proposta de democratização ou de adaptação as necessidades de alguns para atingir algum objetivo que não está claro?
É preciso esclarecer que o Estatuto vigente não proíbe a eleição das direções municipais e estaduais, apenas estabelece condições para que isso ocorra. A instância que obtiver 5% dos votos para deputado federal tem condições de realizar suas eleições diretas internas. São Paulo, por exemplo, atingiu esse percentual nas eleições de 2006 e também na de 2010. Por que será que o presidente democrático Maurício Brusadin não quis exercer a democracia que agora vocifera?
Na proposta “democrática” apresentada na última reunião apenas um tipo de filiado poderia votar. Chegou-se a falar que o filiado favelado por exemplo teria sua participação reduzida. Haveria escolha de quais filiados poderiam votar!! Quem escolheria? Só conseguiram explicar que haveria uma filtragem, alguns filiados mais intelectualizados poderiam votar outros não. Haveria filiados de primeira classe e de segunda classe. Bela noção de democracia!!! Parecem desconhecer inclusive a Constituição da República. Argumentam que não podemos cair no assembleísmo e essa proposta seria a solução.
Precisamos refletir: estamos querendo construir um partido de iguais, iluminados? Penso que é pior do que um partido de amigos ou inimigos...
È possível imaginar que um processo profundo de atualização nas estruturas partidárias ocorra em 4 meses???? Não. Quatro meses são suficientes apenas para adaptar a estrutura a determinado interesse, sem consulta as bases.
Um processo de reorganização sério e responsável pressupõe aprofundados debates que deveriam ser iniciados no âmbito municipal, para a seguir serem discutidos no âmbito estadual e por fim no nacional. Fazer o processo contrário resultaria no estabelecimento de conceito de democracia de alguns e não do todo partidário.
Colocam-se como se fossem os democratas e nós os autoritários fisiológicos!
Quem conhece o Partido Verde sabe que alguém dormiu autoritário, teve um pesadelo e acordou democrático!!! Viva o pesadelo!!!
A quem conhece o PV vou refrescar a memória, a quem não conhece vou contar uma historinha...
Em 1998, Penna foi eleito presidente nacional. Recebeu um partido com quatro deputados estaduais e um deputado federal. (lançamos no Brasil ao todo 180 candidatos a deputado estadual e 99 a deputado federal).
A presidência nacional anterior esteve no poder por 9 anos. Nesse período a executiva nacional reunia-se no máximo três vezes ao ano. Comandava-se o partido da Cidade do Rio de Janeiro de onde raramente deslocava-se. Decidia quem dirigiria o partido nos estados consultando apenas alguns membros da executiva nacional escolhidos por ele. Ele mesmo afirma no seu segundo texto, “dando nome aos bois” que sempre consultava um núcleo de dirigentes... Não consultava a Executiva Nacional.
Alfredo Sirkis preside o PV RJ desde 2004 até agora. Foi presidente também pelo menos entre 1987 e 1998. 18 anos!
As representações estaduais em sua maioria não tinham sede o Partido encontrava-se totalmente desestruturado.
Desde então, sob a presidência do Penna, o partido iniciou seu processo de organização interna. Passamos a viajar incansavelmente o Brasil buscando organizá-lo. Os cargos da executiva nacional pela primeira vez foram preenchidos por pessoas que de fato exerciam suas funções e não apenas ostentavam um título qualquer. O que chamam de “operativa”, dando sempre uma conotação pejorativa e jocosa é apenas o grupo de secretariado do Partido. Todos eleitos e cumprindo suas funções de organização, jurídico, finanças e comunicação. A estrutura foi descentralizada com as coordenações regionais que nesta gestão funcionam de verdade, como uma instância partidária e não apenas para acomodar pessoas nos cargos como antes.
Somente no ano passado realizamos 2 encontros por região sem que o que se intitula “verde histórico” como se mais ninguém o fosse, tenha se interessado a participar de nenhum deles. Inclusive os dois encontros da região a qual pertence o RJ, estado desde quase sempre presidido por ele.
Temos hoje um partido estruturado em todos os estados e com problemas claro! Partido perfeito que não tem nenhum problema existe??!!!
Colocam-se como se somente eles detectassem os problemas e estivessem cobrando da direção nacional uma solução. Mentira! Nossa direção nacional conhece os problemas que temos em vários estados e vem trabalhando para resolvê-los. Resolvê-los de verdade, com respeito pelas pessoas e com responsabilidade, e não fazendo intervenções e dando canetadas como era feito até 1999. Muito menos batendo na mesa e vociferando a dissolução de direções. Não é assim que se constrói partido democrático.
Seria cômico, se não fosse trágico, ouvir propostas de democracia de quem não está acostumado a exercê-la. De quem quer decidir as questões sempre em pequenos grupos para depois fazer o coletivo “entubar”. De quem em ano eleitoral e em nome do Partido, faz todo o material a ser distribuído aos candidatos a deputado estadual com a dobrada obrigatória para sua candidatura a deputado federal. De quem chama um presidente municipal e ameaça: ou divide a direção com quem ele está indicando ou perderá a direção municipal. De quem quer decidir coligações e participações em governo sozinho. De quem após ver os votos dos representantes do RJ numa reunião da Executiva Nacional numa quinta-feira diz: “agora sabemos quem vota conosco” e no dia seguinte, numa reunião da Executiva Estadual usa de subterfúgios para tentar afastar da direção estadual um dirigente que votou na proposta contraria a dele, aliás, vencedora.
Na Cidade do Rio de Janeiro, logo após as eleições de 2010, ainda em novembro, iniciamos as plenárias com a participação dos filiados ao PV e buscando atrair os voluntários do Gabeira e o Movimento Marina Silva. Fizemos a primeira plenária, dividimos os grupos por Áreas de Planejamento (APs). Fizemos reuniões com cada uma das APs e marcamos uma nova plenária. Não teve interesse em participar de nenhuma dessas reuniões. A próxima plenária está marcada para dia 26/03. Novamente já disse que não participará. Não dá para entender esse discurso saindo da boca de quem prega a democracia. Vai ver que é porque o resultado não está combinado...
O Partido Verde realizará este processo sim, de maneira séria, responsável e organizada, não porque alguém quer e sim porque todos queremos. Todos que quiserem participar serão bem vindos, todos poderão contribuir. Estamos trabalhando na criação de um calendário que será divulgado ao todos. Todos poderão opinar e não se preocupem, não vamos desqualificar quem não concorda conosco! Também não vamos ficar “jogando prá galera” com falsos discursos democráticos. Também não iremos aos jornais a cada vez que formos contrariados.
A convenção nacional desejada por todos nós seria realizada assim que encerrado o processo aprofundado, tranqüilo, fraternal e alegre de discussão. Temos até um ano para realizar o processo. Podemos terminar em 6, 8 ou 12 meses mas o faremos de forma participativa e sem atropelos dos que querem combinar o resultado do processo. Isso mesmo!!! Chega de hipocrisia! Digam logo o que querem e parem de se travestir de democráticos pois a imagem não dá liga na pessoa!!!
Encerro com a Carta Verde da Terra, de autoria dos Verdes de todo o mundo e não de uma pessoa somente.

OS VERDES Apoiarão todos os seus membros pessoalmente e politicamente com amizade, otimismo e bom humor sem esquecer de se divertirem durante o processo!



Texto de Carla Piranda

secretária nacional de Organização do Partido Verde

vice Presidente do PV RJ

fundadora do PV

cpiranda@gmail.com

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