sexta-feira, 12 de março de 2010


Proposta de Transporte Coletivo

Achei muito interessante e resolvi publicar aqui a nova proposta para o nosso transporte coletivo de Joinville. O autor da proposta é Ivan Rocha presidente do PSOL de Joinville e integrante do Movimento Passe Livre da cidade. segue abaixo o seu texto:

Transporte Coletivo Banda Larga

Quem não se lembra dos tempos de internet discada? Eu tinha que esperar a meia-noite para não ter uma surpresa no final do mês com uma conta acima dos padrões da minha família. Durante o dia, o horário que mais se precisa da internet, principalmente para o trabalho, a conexão era lenta, isso quando era completada, além de cara. Como essa tecnologia é essencial para o progresso econômico, houve uma solução bastante conhecida. A internet banda larga surgiu com vários diferenciais. Além de oferecer uma internet com velocidade (qualidade) superior, essa tecnologia tem um diferencial essencial que rapidamente assediou muitos consumidores.
Um preço fixo para ter a internet disponível 100% do tempo. O melhor horário para usufruir este benefício era escolhido pelo usuário, ou seja, uma verdadeira liberdade de escolha e de acesso a informação.
O momento que estamos vivendo hoje do transporte coletivo é muito semelhante ao momento pré-banda larga. Temos um serviço de baixa qualidade (ônibus lotados e caro) em que pagamos em cada uso, limitando nossa liberdade de ir e vir, onde temos que limitar nossos deslocamentos para não ficarmos sem dinheiro ao final do mês. Como os excessos estão ligados a cultura, lazer, esportes, estudos, etc, essa limitação influi diretamente o desenvolvimento econômico e cultural da sociedade, assim como ocorria com a internet discada. E assim como aquela problemática, essa também merece uma solução parecida.
Precisamos ter um custo fixo, inferior ao atual, que garanta nossa liberdade de ir e vir, nosso acesso a cultura, educação, saúde, trabalho e tudo que uma sociedade deve oferecer, seja público ou privado. Se a visão da economia de uma empresa está ligada a redução de custos, com ganho de melhorias, a economia familiar deve seguir os mesmos passos, numa luta para reduzir seus custos, onde certamente a locomoção faz parte dos maiores.
O Movimento Passe Livre (MPL) tem feito uma discussão sobre como a lógica do sistema deve funcionar através do Tarifa Zero, com base na tentativa feita pela Erundina em São Paulo e tem sentido dificuldades em passar esta idéia à sociedade, justamente porque o sistema tem um custo real e a discussão de onde deveriam vir o dinheiro para esse financiamento (via impostos) é assunto ainda mais complexo na sociedade, até porque aumento do custo total é obrigatório, já que aumentaria constantemente o número de pessoas utilizando o sistema.
Como eu desejo a melhoria do transporte, vou tentar trazer a discussão de que é possível inverter a lógica de funcionamento, aumentando o número de utilizadores do sistema, baixando o custo final do usuário sem necessariamente zerá-lo, o que continua como desafio para o MPL.

Custo Aproximado do Sistema Atual

Para termos uma base de quanto custaria para manter um sistema de transporte funcionando, decidi usar como base de cálculo entrevista do prefeito Carlito Mers ao Jornal ANotícia, após conceder o aumento às empresas Gidion e Transtusa.

Na entrevista, ele afirma que o número de passagens/mês é de 3.303.000.

Se multiplicarmos este valor por R$ 2,50 (preço média da passagem) teremos o valor total de arrecadação de R$ 8,25 milhões/mês.

O valor foi superextimado para não haverem dúvidas quanto as possibilidades que temos pela frente.

Números

- Divindo o número tota de passagens por 30 dias, temos 110 mil passagens/dia em média (o número diário é variável entre dias de semana e finais de semana).

- Segundo alguns números do site da prefeitura, temos 144 mil casas em Joinville.

- Também segundo a prefeitura, em 2007 existiam 147 mil trabalhadores empregados em Joinville.

- Segundo o IBGE o número de estudantes em Joinville é 20 mil (20.705 / 2008) no ensino médio e 21 mil (21.656 / 2007) no ensino superior.

Com estes números em mãos, podemos facilmente projetar um bom sistema de transporte coletivo, para se ter idéia de possibilidades de receita.

- Custo de ida e volta ao trabalho: (2 * 2,30) * 22 dias = R$ 101,20

- Desconto do trabalhador 6% de R$ 700,00 = R$ 42,00

- Descontando os valores, o valor médio que uma empresa paga de transporte por funcionário é de R$ 59,20.



Cálculos



1. Dividindo os 8,25 milhões pelas 144 mil casas, por exemplo, teremos uma valor por casa para manter o sistema de R$ 57,50

2. Dividindo o mesmo valor pelo número de empregados temos R$ 56,00



Uma divisão desta forma seria muito discutível, pois há casas que ninguém usa o transporte coletivo, ou moram poucas pessoas. E dos 147 mil empregados, muitos não utilizam o benefício do transporte, apesar que uma obrigação do pagamento deste benefício diretamente a empresa de ônibus para todos os empregados, independente se usam ou não o benefício, já poderia facilmente custear o Tarifa Zero.
Mas, partindo do princípio de que somente quem utiliza o transporte deve pagar, vamos prever outros números:

Digamos que 100 mil trabalhadores utilizam o benefício do transporte, e 20 mil estudantes utilizem o transporte coletivo. Teremos um total de 120 mil usuários. Se fossemos cobrar diretamente destes uma mensalidade para manter o sistema, seria algo em torno de R$ 68,75.
Mas esta divisão não é correta, já que os empregadores pagam hoje mais da metade do benefício e passariam a pagar menos, além disso os estudantes, que normalmente não tem fonte de recursos, acabariam pagando muito mais que os trabalhadores.
Em um cálculo mais avançado, podemos distribuir melhor esses valores para que haja mais justiça na distribuição dos custos.
Pensando no valor pago hoje por mês de R$ 101,20, devemos aumentar esse valor para R$ 110/mês para usar como base para pagamento das empresas.
Multiplicando este 110 pelo número de trabalhadores que recebem o benefício, temos aproximadamente 11 milhões.
Ainda temos os desempregados e estudantes, que poderiam contribuir de alguma forma.

Neste caso gostaria de colocar uma meta.



Para até 100 mil usuários, deveria ser pago R$ 50,00 por usuário, número que provavelmente já estaria vencido com os trabalhadores.

A partir de 150 mil usuários, R$ 40 por usuário.

A partir de 200 mil usuários, a meta ideal, R$ 30 por usuário (R$ 1 por dia)

Ainda poderiam dar descontos de 50% para os estudantes, para incentivar mais famílias a inserir seus filhos no sistema de transporte, pois eles serão os maiores beneficiados de ter passagem livre na cidade, sem limitações.



Para finalizar a proposta, atingindo os 200 mil usuários:

100 mil x $110 = $11 milhões (trabalhadores)

70 mil x $30 = $2,1 milhões (não estudantes)

30 mil x $15 = $0,45 milhão (estudantes)



Arrecadação total: $13,55 milhões de reais por mês.

O suficiente para melhorar absurdamente o sistema atual, além de trazer benefícios enormes a todos os usuários, como utilização livre e maior, com menos dinheiro. Em resumo, mais lazer, educação, passeios, consumo, liberdade, felicidade...



As metas tem como objetivo, trazer um desafio à população para pagar menos, por um serviço que tem que ser pensado para a população e não para a empresa privada.
No próximo texto sobre transporte, vou falar de como pode ser a organização da empresa para que o transporte seja sempre pensado para a maioria da população.

P.S.: Prefeitura de Joinville está pensando em repassar R$ 350 mil para subsidiar 9 mil idosos entre 60 e 64 anos. Dividindo os números, temos um custo mensal de menos de R$ 40,00 por pessoa. Pensem nisso.

Fonte: http://ivansocialista.blogspot.com/2010/01/transporte-coletivo-banda-larga.html

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